A
partir do início da década de 90, a zona estuarina do rio Tejo
passou a ser uma zona privilegiada de reprodução e desenvolvimento
desta espécie, que tinha praticamente desaparecido das suas águas,
possivelmente devido à poluição e sobre-exploração pesqueira. Os
espécimes adultos tendem a sair para mar aberto enquanto os juvenis
ficam pelo estuário, onde encontram alimento com maior facilidade,
até atingirem a idade adulta.
Várias razões têm sido apontadas para o regresso das
corvinas ao
Tejo, como a construção da Ponte Vasco da Gama (que alterou
significativamente o leito do rio e as
suas
correntes) e a construção do emissário de esgotos submarino que veio
a diminuir a poluição das águas, entre outras.
Trata-se de uma espécie carnívora, que se sente à vontade também em
águas salobras, e pode ser encontrada no rio Tejo desde a foz até
praticamente ao Concelho de Constância. Neste rio tem como
alimentação natural os peixes estuarinos, entre eles a tainha, que,
como se sabe, abunda por estas paragens. O reaparecimento das
corvinas no Tejo fez com que a espécie se tornasse o alvo
preferencial de inúmeros pescadores, tanto praticantes de pesca
apeada como de pesca embarcada. Infelizmente, grande parte destes,
particularmente alguns proprietários de embarcações de recreio,
pervertendo completamente o espírito da pesca lúdica,
transformaram-se em predadores desta espécie, capturando grandes
quantidades que depois comercializam, nomeadamente junto de
restaurantes, à revelia da legislação vigente.
As
zonas de eleição para a pesca apeada da
corvina no Tejo ficam
compreendidas entre a zona de Santa Apolónia e Alverca, em ambas as
margens do rio. A partir de Maio de cada ano começam a aparecer as
corvinas de grande porte – referimo-nos a pesos que muitas vezes
excedem os 15/25 kgs, tendo sido já registados exemplares que
ultrapassam os 30/40 kgs. Não esqueçamos que a corvina atinge a
maturidade sexual perto dos 3 anos de idade (cerca de 3 kgs de peso
e 60 cm de comprimento). A época de reprodução ocorre entre Abril e
Julho.
Embora o tamanho mínimo legal estabelecido para a captura da corvina
seja de 42 cm, qualquer exemplar com menos de 3 kgs (até este
tamanho são vulgarmente conhecidos como rabetas ou corvinotas) deve
ser devolvido à água, a fim de permitir que atinja a idade adulta e
que venha a procriar, contribuindo assim para a manutenção da
espécie. Começa já hoje a considerar-se a corvina como uma
espécie residente e não sazonal,
apoiando-se
no facto de aqui se reproduzirem e poderem ser encontradas durante
todo o ano.
A
técnica de pesca mais utilizada na pesca da
corvina é a pesca ao
fundo, apeada ou de embarcação, ou a zagaia em embarcação,
utilizando-se material médio (canas e carretos de qualidade), anzóis
de 3/0 para cima e como isco o caranguejo (mole ou de 2 cascas), a
lula e o choco fresco, a camarinha do rio (preferencialmente viva),
a sardinha, o casulo e o ganso coreano. São exigidas iscadas
generosas, dirigidas aos exemplares maiores, poupando-se assim os
peixes de menor tamanho. Para
as grandes corvinas a tainha viva iscada pelo lombo acaba muitas
vezes por proporcionar óptimos resultados.
As
linhas indicadas são os monofilamentos de qualidade, 0,35 a 0,45,
uma baixada (chicote) com fio 0,45/55 com um ou dois estralhos
com pelo menos 0,75 cm – um deles colocado muito perto da chumbada,
de modo a permitir que o isco assente no fundo, pois a corvina tem a
boca ligeiramente inclinada para baixo, vocacionada, portanto, para
comer no fundo.
Não é
exigida grande técnica ao pescador na pesca à
corvina. Esta,
normalmente, abocanha o isco à primeira, de forma violenta e tenaz,
ferrando-se automaticamente. Depois, a tremenda a luta que
proporciona, por via da sua grande força e feroz combatividade,
deixa sempre ao pescador a sensação de ter cometido uma verdadeira
proeza.
por
Katembe